quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fique ligado nas Conferências de Saúde

É tempo de Conferências
Jose Marmo da Silva


Como todo mundo sabe é tempo de Conferências. E são muitas, Conferências de Saúde, Conferências de Políticas para as Mulheres, Conferências de Determinantes Sociais, etc, etc
Para a população negra, participar de todo esse processo é fundamental, pois são nesses espaços de poder e de deliberação onde podemos reinvidicar antigos desejos e necessidades relacionadas a saúde da população negra.
A Marcha Zumbi dos Palmares, em 1995, foi fundamental para as nossas conquistas pois uma das prioridades de agenda foi a inclusão do quesito cor em todos os sistemas de informação. Em 2004 conquistamos o I Seminário Nacional de Saúde da População Negra, realizado pelo Ministério da Saúde e pela SEPPIR, fruto de uma articulação exitosa do movimento negro e do movimento de mulheres negras na XII Conferência Nacional de Saúde(Brasília, 7 a 11 de dezembro de 2003). No mesmo seminário foi oficializado o Comitê Técnico de Saúde da População Negra, com representantes do Ministério da Saúde, pesquisadores negros, pesquisadoras negras e ativistas do movimento negro.
E não paramos mais, conquistamos uma vaga para o movimento negro no Conselho Nacional de Saúde e a criação da Comissão Intersetorial de Saúde da População Negra no Conselho Nacional de Saúde.
Ainda assim, apesar de tantas conquistas, quando nos debruçamos sobre os dados da saúde percebemos que a população negra não tem recebido o cuidado e a atenção merecida, mais do que isso não tem seu direito à saúde garantido. As últimas edições do Saúde Brasil: um panorama da saúde no país, publicação do Ministério da Saúde, com dados desagregados por cor mostram bem essa situação.
O número de mortes na população negra por doenças evitáveis continua crescendo, e para denunciar isso o movimento negro não precisou fazer nenhuma pesquisa pois o cotidiano mostrava essa realidade, mas para dar concretude ao que o movimento falava a negrada foi para a academia disputar os espaços de poder e hoje temos uma gama de pesquisadores e pesquisadoras negras doutores e doutoras que também vem fortalecendo a denúncia desse tipo de situação, ao que chamamos de RACISMO. E não vamos nem tocar na expectativa de vida da população negra e no tal do racismo institucional, que agora virou moda.
Mas afinal o que está acontecendo com o Brasil, que se dizia uma Pátria Mãe Gentil, uma democracia racial, e deixa seus filhos na mão. E olhe que esse grupo denominado e rotulado na marca de “minorias” cresceu e segundo o IPEA somos a maioria, ou seja a população negra é mais de 50% da população brasileira. E ficamos contrastantes e contraditórios pois somos a maioria das minorias, será que é por uma questão de equidade ou de promoção da igualdade racial.
Ahn, e quando eu me lembro que temos uma Política Nacional de Humanização do SUS, fico me perguntando porque essa Política que tem como base o acolhimento, não consegue acolher a população negra. E ainda tem gente que diz que o SUS é para todas e todos, mas esqueceram de avisar que a população negra não estava incluída nesse grupo de todos e todas. E tem aqueles que contrargumentam perguntando vocês querem uma Política somente para vocês. Um SUS para negros. Esses fazem parte do grupo que não gostam nem de tocar na Política Nacional de Saúde Integral da População Negra
Mas continuo me perguntando porquê apesar dessas constatações a populaçao negra não consegue acessar os serviços e ter resolutividade, nesse momento em que o Brasil se orgulha do melhores tratamentos em HIV-Aids e de levar tecnologias exemplares para outros países.
Eu não vou responder porque sei que você já sabe. Sabe o que mais, acho melhor colocar minha roupa e correr pois as etapas das conferências municipais já começaram e eu não posso perder essa oportunidade de falar tudo o que penso.
E você vai ficar aí parado pensando, achando que não tem nada a ver com isso. Enganou-se tem sim, todos nós temos.
O tempo de esperar já se foi.

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