quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde no IX Congresso Brasileiro de Prevenção de DST-AIDS – Rumo aos 10 Anos da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde


A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde estará participando do Congresso Brasileiro de Prevenção de DST e AIDS, e também realizando lançamento de alguns materiais informativos. Entre os materiais que serão lançados podemos destacar o documentário O CUIDAR NOS TERREIROS produzido em parceria com o Departamento de DST-AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

O filme aborda diversos temas como: promoção da saúde nos terreiros, estigma e preconceito, o direito humano à saúde, o respeito as orientações sexuais, o cuidado e o acolhimento às pessoas vivendo com HIV-Aids e a participação das lideranças de terreiros nos espaços de controle social.

O documentário mostra a diversidade cultural das religiões de matriz africana e a sua visão de mundo integradora que pode auxiliar nos processos de equilíbrio das pessoas. As cenas apresentam o quanto existe de encantamento e poesia nos terreiros, e a importância dos terreiros como espaços de preservação de um acervo cultural que pode ser visualizado nas línguas, nos cânticos, nas lendas, na utilização das práticas terapêuticas, nas comidas, nas vestimentas e no cuidado com a natureza.
A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde aproveitará também o momento para lançar LAROIÊ! uma revista em quadrinhos e uma série de cartões postais com desenhos de orixás e mensagens sobre promoção da saúde, prevenção e direitos humanos, elaborados a partir das oficinas realizadas pelo Projeto Caravana do Axé: promoção da saúde, cultura e cidadania nos terreiros que conta com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro - Gerência de DST-Aids e da SEGEP/Ministério da Saúde.

Confira a programação da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde no Congresso Brasileiro de Prevenção de DST e AIDS:

Dia 29 de agosto de 2012

Lançamento do vídeo: O CUIDAR NOS TERREIROS – 18h – Tenda Paulo Freire

Reunião da Rede de Religiões Afro Brasileira e Saúde - SALA IBIRÁ - 19 as 22h00

Dia 30 de agosto de 2102

Trocas de Experiências: Promoção da saúde e prevenção das DST/AIDS, a partir da vivência e das práticas religiosas. - SALA ARANDÚ - 14h30 as 16h00

- José Marmo – Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde, RJ

- Frei Luiz Carlos Lunardi – Pastoral da Aids/CNBB e Casa Fonte Colombo, RS

- Pastor Kleiner Eler de Moura – Ministério Estratégia/Projeto Minha Casa, MG

Moderador: Rubens Duda – Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais – MS

EXPOSIÇÃO DE POSTERS:

Dia 29 de agosto de 2012

AÇÕES DE SAÚDE REALIZADAS NOS TERREIROS PELO CENTRO DE TESTAGEM E ACONSELHAMENTO - CTA - LIRA NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS.

Ana Luisa Borges –

Dia 30 de agosto de 2012

CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA COMUNITÁRIA NOS TERREIROS DE MATRIZ AFRICANA

Edilson Gomes da Silva

Mais informações sobre a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e o Projeto Caravana do Axé você pode obter no www.caravanadoaxe.blogspot.com ou entrar em contato pelo e-mail redeterreirosaude@hotmail.com

Carta do I Encontro Nacional de Pesquisadoras e Pesquisadores Negros em Saúde da População Negra

As iniqüidades em saúde vivenciadas pela população negra brasileira, resultantes das desigualdades históricas do país, impactam diretamente nas condições de vida dessas pessoas que, além de morrerem mais jovens, apresentam maiores taxas de mortalidade por causas evitáveis e maiores frequências de doenças crônicas e infecciosas. Para aprofundar as discussões sobre as pesquisas no campo da saúde da população negra e debater a implementação das políticas de saúde voltadas para negras e negros a Associação Brasileira de Pesquisadores (as) Negros (as) – ABPN; reunidos no VII Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as (COPENE) realizamos o I Encontro de Pesquisadoras e Pesquisadores em Saúde da População Negra nos dias 15 e 16 de julho na Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), em Florianópolis-SC.
Considerando os compromissos assumidos pelo Estado brasileiro no Plano de Ação da III Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas (Durban, 2001) reafirmados na Conferência de Revisão de Durban (Genebra, 2009) e na Reunião de Alto Nível da Assembléia Geral das Nações Unidas no 10º. Aniversário da Declaração e Programa de Ação de Durban (Genebra, 2010).
Considerando que a Assembléia Geral das Nações Unidas por meio da Resolução A/RES/64/169 de 18 de dezembro de 2009 estabeleceu o ano 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescendentes.
Considerando os resultados e recomendações da Cúpula Ibero Americana de Alto Nível em omemoração ao Ano Internacional dos Afrodescendentes, realizada aos 19 de novembro de 2011 em Salvador, Bahia, Brasil, e expressos por meio da Declaração de Salvador assinada pelos Chefes de Estado e o Governo da República Federativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da República da Guiné, da República Oriental do Uruguai, o Vice- Presidente da República da Colômbia, a Ministra da Cultura de Angola, o Ministro da Cultura, Alfabetização, Artesanato e Turismo da República do Benim, o Ministro da Cultura da República de Cuba e a Ministra da Cultura da República do Peru.
Considerando que a Assembléia Geral das Nações Unidas por meio da Resolução A/66/460 de 2011 estabeleceu período entre 2012 e 2022 como a Década dos Afrodescendentes no mundo.
Considerando as determinações da Lei 12.288 de 20 de julho de 2010, o Estatuto da Igualdade Racial, especialmente o título II, capítulo I, que reconhece a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra como estratégia necessária para a garantia dos princípios de equidade, universalidade, integralidade e participação social para a população negra no Sistema Único de Saúde.
Considerando que a promoção da inclusão social e a redução das desigualdades é uma das prioridades do Governo Federal.
Considerando os objetivos das Políticas Nacionais de Triagem Neonatal, de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias e de Saúde Integral da População Negra que destacam a necessidade e urgência de identificar e enfrentar o impacto do racismo estrutural e institucional na saúde.
Considerando a Agenda Nacional de Prioridades em Pesquisa em Saúde estabelecida pelo Ministério da Saúde após ampla consulta a pesquisadoras e pesquisadores de referência em todo país.
Considerando os resultados e recomendações do Fórum "Enfrentando o racismo institucional
para promover saúde integral da população negra" realizado nos dias 3 e 4 de julho de 2012, em Brasília, sob a liderança do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), em parceria com Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e Ministério da Saúde.
Recomendamos aos Ministérios da Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia, Cultura e à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, para que, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Organismos de Promoção da Igualdade Racial:
1. Ampliar e garantir o financiamento a pesquisas que permitam traçar o panorama da
 iniqüidade racial, seus impactos na saúde e a formulação, qualificação e implementação de políticas públicas nas diferentes esferas de gestão;
2. Lançar e divulgar amplamente editais nacionais periódicos e editais descentralizados do Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS), de fomento às pesquisas em saúde da população negra que garantam:
a. a participação de pesquisadoras e pesquisadores negros, que trabalham com a temática saúde da população negra, na elaboração dos editais e na avaliação dos projetos de pesquisa;
b. a produção de evidências, tecnologias e metodologias que contribuam para o enfrentamento do racismo, a redução das iniquidades raciais e de seus impactos na saúde, para a formulação e aprimoramento das políticas públicas, programas e ações governamentais nas três esferas de gestão;
c. o fomento à pesquisas oriundas de diferentes instituições, notadamente universidades, institutos, centros, organizações da sociedade civil e outros grupos de pesquisa;
d. a adoção de ações afirmativas para a inclusão de pesquisadoras e pesquisadores negros em todos os projetos de pesquisa aprovados para financiamento com verbas públicas e em todas as etapas das pesquisas;
e. o estímulo ao diálogo e articulação entre gestoras e gestores da saúde, pesquisadores e pesquisadoras em saúde da população negra e movimentos sociais, em especial o Movimento Negro em sua pluralidade, Conselhos de Saúde, em todas as etapas do projeto;
f. a analise sobre boas práticas e lições aprendidas no enfrentamento do racismo institucional na saúde;
g. a adoção de mecanismos e instrumentos de transparência no uso dos recursos públicos
h. a ampla divulgação de resultados das pesquisas e estudos, em linguagem acessível públicos diversos, financiados;
i. a inserção, na Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa, dos temas a seguir:
4 SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA
4.1 MAGNITUDE E DINÂMICA DOS PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA
4.1.1 Estudo da questão racial no Brasil, seus impactos nas relações sociais e implicações sobre o processo saúde-doença da população negra.
4.1.2 Situação de saúde das populações negras vivendo em remanescentes dos antigos quilombos (quilombolas).
4.1.3 Desenvolvimento de sistema de indicadores de saúde da população negra:
4.1.3.1 Informação estatística do quesito cor e de outras variáveis importantes no monitoramento da eqüidade em saúde;
4.1.3.2 Análise epidemiológica da morbimortalidade por doenças genéticas e por doenças agravadas pelas condições de vida;
4.1.3.3 Revisão sistemática sobre saúde da população negra.
4.1.4 Estudos multidisciplinares sobre doença falciforme:
4.1.4.1 Impacto epidemiológico, determinantes, repercussões e riscos;
4.1.4.2 Clínico-epidemiológicos sobre a heterogeneidade da sintomatologia, ocorrência de complicações e reação adversa a medicamentos;
4.1.4.3 Desenvolvimento de kits básicos para diagnóstico;
4.1.4.4 Vigilância epidemiológica de infecções associadas.
4.1.5 Agravos, incapacidades, morbimortalidade e condições de saúde da população negra e ciclo de vida:
4.1.5.1 Hemoglobinopatias, hipertensão, diabetes mellitus, morbimortalidade e agravos;
4.1.5.2 Deficiência de glicose 6 fosfato desidrogenase, e outras condições genéticas;
4.1.5.3 Infecção por HTLV-I;
4.1.5.4 Doenças sexualmente transmissíveis e HIV/aids;
4.1.5.5 Gravidez na adolescência;
4.1.5.6. Racismo e saúde mental
4.1.5.7. Morbimortalidade por causas externas
4.1.5.8. Morbimortalidade materna
4.1.5.9 Morbimortalidade infantil
4.1.5.10 Doenças negligenciadas
4.1.6 Medicina popular de matriz africana e contribuição das manifestações afro-brasileiras na promoção da saúde.
4.1.7 Farmacologia
4.2 RACISMO INSTITUCIONAL: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS, PROGRAMAS, SERVIÇOS E
TECNOLOGIAS
4.2.1 Estudos sobre identificação e abordagem do racismo institucional, branquitude e poder
nos processos de formulação, implementação e implantação da Política de Saude Integral da
População Negra;
4.2.2 Estudos sobre boas práticas e lições aprendidas nos processos de implantação da Política
de Saude Integral da População Negra;
4.2.3 Estudos sobre as políticas de discriminação positiva/ações afirmativas na área da Saúde.
4.2.4 Sistemas de indicadores de gestão para monitoramento e avaliação da PNSIPN
4.2.5 Acesso, acessibilidade e qualidade da atenção em saúde para a população negra ao Sistema Único de Saúde
4.2.6 Estudos sobre participação dos movimentos no enfrentamento ao racismo na saúde e no controle social de políticas de saúde
4.2.7 Transversalidade, interseccionalidades e saúde da população negra
4.2.8 Estudos sobre estratégias pedagógicas em saúde da população negra
4.2.9 Estudos curriculares

Pesquisadoras e pesquisadores em saúde da população negra
Florianópolis, 16 de julho de 2012