sábado, 12 de maio de 2012

Relatório aponta que vítimas de crimes cometidos em Brasília têm cara e cor

Por Denise Porfírio

Um novo estudo realizado pelo Instituto Sangari titulado Os novos padrões da violência homicida no Brasil aponta que na capital do país, morrem cinco vezes mais negros do que brancos em crimes violentos.

A pesquisa aponta que os negros se encaixam no perfil das vítimas de assassinatos do Distrito Federal. No ranking nacional de pessoas executadas em 2010, o DF figura na 10ª posição, com uma média de 34,2 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, 30% acima da média nacional, que é de 26,2 homicídios. A frente estão as cidades de Alagoas, Espírito Santo, Pará, Pernambuco, Amapá, Paraíba, Bahia, Rondônia e Paraná.

Quando a análise se restringe à população afrodescendente, Brasília passa a ocupar a 5ª colocação, com taxa de 55,5 assassinatos para cada 100 mil moradores. Ou seja, a mortalidade entre negros é 60% maior do que entre brancos e pardos. Para se ter uma ideia da diferença, a mortandade entre brancos no DF é de apenas 10 para cada grupo de 100 mil.

Segundo especialistas a posição ocupada pelo DF se deve a expansão do comércio de drogas nas periferias, endereço da maioria dos jovens pobres e negros e a diferença na aplicação de políticas públicas em Brasília e no Entorno. A maior preocupação é que ao contrário das demais unidades da Federação, o DF apresentou um crescimento no número de vítimas negras nos últimos anos. O aumento passou de 46,9 em 2006 para 55,5 em 2010.

Há quase uma década e meia fazendo relatórios sobre a violência no Brasil, o autor do Mapa, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, avalia que a identificação do brasileiro como “homem cordial” não se sustenta pelos dados estatísticos. “A sociedade brasileira é tão violenta quanto qualquer outra latino-americana”, diz.
 
Pesquisa - O estudo chama a atenção que por cada branco assassinado em 2010, morreram proporcionalmente mais de dois negros nas mesmas circunstâncias. “É mais preocupante ainda, pelo balanço histórico dos últimos anos, a tendência desses pesados níveis de vitimização é crescer ainda mais, afirma.

As fontes para a estruturação dos dados referentes à população por raça ou cor são as entrevistas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) e/ou do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ambas coletam dados por autoclassificação do entrevistado, que escolhe uma entre cinco opções: Branca, Preta, Parda, Amarela ou Indígena.

O sociólogo Waiselfisz completa: “As evidências nos levam a postular a necessidade de reorientar as políticas nacionais, estaduais e municipais em torno da segurança pública”, pontua. “É necessário enfrentar de forma real e efetiva essa chaga aberta na realidade social do país”, conclui.

Fonte: Fundação Cultural Palmares
Foto: Google

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