sábado, 26 de dezembro de 2009

Porquê uma política nacional de saúde para a população negra uma vez que o SUS é para todos?



Muitas vezes somos questionados por gestores, profissionais de saúde e pela população em geral sobre os motivos e a necessidade de uma política de saúde para a população negra. Nesses momentos temos que lembrar que as análises do índice de desenvolvimento humano mostram que a população negra apresenta menor índice, o que significa condições de vida menos favorável para esse segmento da população brasileira.


Várias pesquisas, como as realizadas por Marcelo Paixão (UFRJ) que apresentam os dados desagregados por raca/cor e os estudos publicados no Atlas Racial Brasileiro(PNUD) mostram que a população negra continua morrendo de causas evitáveis, uma realidade cruel e de não garantia do direito humano a saúde.


Alem disso, hoje, sabemos que "saúde e doença são determinadas pelo modo como cada sociedade se organiza, vive e produz. Deste modo em uma sociedade desigual como a nossa, a saúde e a doença se manifestam desigualmente, entre homens e mulheres, brancos e negros, pobres e ricos, em diferentes situações de vulnerabilidades e de acesso aos serviços de saúde, e a qualidade de vida"(Painel de indicadores do SUS n. 3, 2007 – Ministério da Saúde).


Conhecer os dados sobre a saúde da população negra pode ser um passo importante para qualificar e possibilitar uma boa conversa com aqueles que ainda questionam a necessidade de uma política de saúde para a população negra ou para aqueles que acham que o SUS atende a todos sem discriminação ou preconceito.


Veja aqui alguns dados sobre a saúde da população negra, publicados no Saúde Brasil 2007(publicação do Ministerio da Saude):


- a população negra apresentou maior risco de morte por causas externas, e mais acentuadamente por homicídios que a população branca. Na maior parte dos estados, a população negra também apresentou maior risco de morte por doenças infecciosas e por doenças cerebrovasculares.


- há maior prevalência da doença hipertensiva específica da gestação durante a gravidez entre as mulheres pretas e pardas e, uma das principais causas de morte materna no Brasil.


- a morte por homicídio caracteriza-se pela maior frequência e risco no sexo masculino, negro, idade de 15 a 39 anos, uso de arma de fogo e centros urbanos.


- segundo a característica de raça/cor, observa-se predomínio de pessoas negras (69,3%) dentre as vítimas de maus-tratos, variando de 45,5% entre os atendimentos por violência psicológica a 81,8% entre os atendimentos decorrentes de negligência.


- as vítimas mais frequentes de negligência e violência física eram pessoas do sexo feminino e negras. A ocorrência de violência sexual foi registrada somente entre as mulheres, predominando as de cor negra.


- o risco de morte por causas associadas ao álcool foi maior para a população preta para ambos os sexos e em todas as faixas etárias, com maior discrepância entre as taxas específicas de mortalidade antes dos 40 anos de idade.

Foto: www.google.com

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