domingo, 29 de agosto de 2010

Novo índice da ONU revela baixo desempenho em saúde no Brasil





Saúde tem pior nota em novo índice da ONU para o Brasil


O novo índice de valores humanos divulgado nesta terça-feira pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) revela um desempenho mais baixo do Brasil em termos de saúde do que em trabalho e educação, os três setores avaliados.


O IVH (Índice de Valores Humanos) é composto pelos subíndices de trabalho, saúde e educação e, segundo seus idealizadores, é uma tentativa de levar em conta a importância dos valores humanos para os processos de desenvolvimento.


Em uma escala de zero a 1, sendo 1 o melhor resultado, o Brasil tem um IVH de 0,59. Quando o tema é trabalho, o resultado foi de 0,79. Na educação, o índice ficou em 0,54, e na saúde, em 0,45.


Em vez de se concentrar em dados como expectativa de vida ao nascer e taxa de alfabetização, por exemplo, como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que classifica todos os países membros das Nações Unidas, o novo indicador foi elaborado a partir das experiências da população brasileira em termos mais subjetivos, como tempo de espera para atendimento médico ou situações de prazer e sofrimento no trabalho.


"A ideia era construir um indicador que partisse do relato das pessoas", diz o coordenador do Relatório de Desenvolvimento Humano do Brasil 2009/2010, Flávio Comim.


Segundo Comim, que é economista-chefe do Pnud, o IVH só é realizado no Brasil e é um projeto-piloto, com o propósito de lançar uma metodologia que inclua uma maneira mais humana de medir o desenvolvimento. "Vamos ver como vai ser recebido para determinar sua periodicidade", diz o economista.


SAÚDE
Para chegar ao resultado, 2.002 pessoas foram entrevistadas em 24 Estados. O IVH do Brasil em saúde foi de 0,45. A avaliação considerou o tempo de espera para atendimento médico ou hospitalar, a facilidade ou não de compreensão da linguagem usada pelos profissionais de saúde e o interesse da equipe médica percebida pelo paciente. Na comparação por regiões, o Sul e o Sudeste apresentaram o maior IVH, ambas com 0,62, acima da média do Brasil, de 0,59.

A região Norte foi a que apresentou o menor índice, com 0,50. Segundo os autores do relatório, o baixo valor da região Norte pode ser atribuído principalmente à dimensão da saúde, com índice de 0,31, bem abaixo da média nacional de 0,45 nesse quesito. De acordo com o documento, 67% dos moradores da região Norte consideram demorada a espera para receber atendimento médico e apenas 38% dizem que a linguagem utilizada pelos profissionais da saúde é de fácil ou razoável compreensão.


TRABALHO E EDUCAÇÃO
O IVH relacionado ao trabalho foi calculado a partir da avaliação de 17 experiências relacionadas ao prazer no trabalho, como realização profissional e liberdade de expressão, e outras 15 ligadas ao sofrimento, como fatores de esgotamento emocional e falta de reconhecimento. O índice do Brasil nesse caso foi de 0,79. A avaliação levou em conta o número de vezes que o trabalhador experimentou essas experiências nos seis meses anteriores ao questionário ou no último emprego.


No caso da educação, a média brasileira foi de 0,54. Esse subíndice levou em conta os valores das famílias, dos alunos e dos professores. Para isso, o PNUD avaliou quais os conhecimentos considerados pelas famílias mais importantes na formação e como são as relações de alunos e professores no sistema educacional. Na maior parte do país, 36,2% dos entrevistados responderam que a educação deve dar prioridade a conhecimentos para formar um bom cidadão. A exceção foi à região Norte, onde 40,4% consideram que o mais importante são conhecimentos para conseguir um bom emprego.


RELATÓRIO
O IVH faz parte do Caderno 3 do Relatório de Desenvolvimento Humano do Brasil 2009/2010. O caderno inclui ainda exemplos e boas práticas de políticas de valor, com recomendações para contribuir para os dois objetivos principais definidos pela população brasileira na Campanha Brasil Ponto a Ponto, realizada no ano passado: redução da violência e melhoria da qualidade da educação.


Os idealizadores do IVH também chegaram à conclusão de que a percepção dos valores humanos no Brasil depende do nível de renda individual - e, em geral, quanto maior a renda, melhor a avaliação dos valores. Os resultados também indicam que, quanto maior o nível de escolaridade, melhor o IVH. Essa tendência, porém, se inverte em relação ao índice específico de educação, em que pessoas com maior nível de escolaridade registraram IVH mais baixo.


Quando avaliadas as diferenças de gênero, o IVH de trabalho é maior para homens (0,82) do que para mulheres (0,76).


Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Momentos do VII Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde






















Seminário no Rio de Janeiro elabora carta de reinvidicações do povo de terreiro em relação a saúde


Carta do Rio de Janeiro no VII Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde: Dialogando com as Políticas Públicas de Saúde e discutindo os novos rumos para o SUS, Rio de Janeiro – 18 a 20 de agosto de 2010


Nós, lideranças de terreiros, adeptos das religiões de matrizes africanas, lideranças do movimento negro, pesquisadores, gestores de promoção de igualdade racial, gestores e profissionais de saúde, conselheiros de saúde e organizações presentes no VII Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde: Dialogando com as Políticas Públicas de Saúde e discutindo os novos rumos para o SUS reafirmamos a importância do enfrentamento do racismo, do sexismo, da intolerância religiosa e de todas as formas de discriminação para a garantia do direito humano à saúde e o bom funcionamento do Sistema Único de Saúde(SUS) .


Entendemos que apesar do direito humano à saúde estar garantido na Constituição Brasileira e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, esse direito para a população negra e para população de terreiros ainda não se concretizou de fato e pode ser expresso nas desigualdades raciais em saúde, na falta de acesso da população negra e população de terreiros a diversas ações e serviços do SUS, na falta de seguridade social, no racismo e intolerância que ainda persistem em nossa sociedade.


É fato concreto que o racismo e as diversas formas de intolerâncias fazem mal à saúde e nesse sentido reinvidicamos:
- Que o Ministério da Saúde e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial realizem o monitoramento da implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra nos estados e municípios divulgando as informações sobre o processo de monitoramento em seus respectivos sites e em materiais informativos oficiais,


- Que o Ministério da Saúde divulgue para as Redes que atuam na área de saúde da população negra, assim como nos diversos espaços do movimento negro, quais os estados e municípios que estão implementando a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e suas respectivas ações de implementação, e as atividades específicas envolvendo os terreiros,


- Que o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e os órgãos de Promoção de Igualdade Racial desenvolvam estratégias de divulgação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra para os gestores e profissionais de saúde dos três níveis de governo(federal, estadual e municipal) e para os conselheiros de saúde de todo o país,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde possam realizar campanhas divulgando a importância da qualificação da coleta do quesito cor e sua necessidade para a tomada de decisões na área de saúde, inclusive na área de saúde mental


- Que os gestores e profissionais de saúde reconheçam e respeitem a cultura dos terreiros e que o Estratégia de Saúde da Família inclua os terreiros(templos religiosos de matrizes africanas) em suas visitas,cadastramento e atendimento, ratificando o compromisso do direito a saúde para todos e todas,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde fortaleçam a realização de campanhas sobre os direitos das pessoas à saúde, assim como dar continuidade a ampla divulgação da Carta dos Direitos dos Usuários do SUS nos estados e municípios,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde ampliem a divulgação sobre a doença falciforme, em todos os estados e municípios, assim como orientação e estabelecimento de protocolos para atenção a pessoas com doença falciforme,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde respeitem e façam cumprir a legislação que permite a entrada de sacerdotes e sacerdotisas nos espaços hospitalares, incluindo os de tradição religiosa de matriz africana,'


- Que o Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial apóiem a realização de seminários, encontros e eventos que possibilitem dar continuidade ao diálogo estabelecido entre as lideranças de terreiros, gestores, profissionais e conselheiros de saúde, assim como o apoio para publicações que divulguem as discussões realizadas nesses encontros,


- Que o Ministério da Educação, o Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial façam valer o respeito aos saberes das religiões de matrizes africanas no campo da saúde, conforme consta na Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, garantindo o tema Religiões Afro-Brasileiras e Saúde na formação dos profissionais de saúde de todos os níveis, e que também seja incluída nas grades curriculares de formação dos profissionais de saúde, em todos os níveis, o tema Saúde da População Negra,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde incorporem e facilitem o acesso da juventude dos terreiros em suas ações e unidades de saúde, respeitando os valores e visão de mundo dos terreiros,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde realizem campanhas educativas qualificando as informações sobre prevenção e tratamentos sobre HIV/Aids, hepatites, tuberculose e dengue para a população de terreiros com linguagem simples e adequada culturalmente, assegurando a participação de representantes dos terreiros na elaboração e construção de materiais educativos,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde realizem campanhas afirmativas para o setor saúde com a finalidade de desconstruir o imaginário negativo sobre a população negra e sobre a população de terreiros, combatendo o racismo, estigma e preconceito,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde ampliem o acesso da população negra e população de terreiros aos serviços de saúde mental,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde apóiem o fortalecimento do controle social de políticas públicas de saúde pela população dos terreiros


- Que o Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial apóiem as iniciativas empreendidas pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, em todo o país,


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde divulguem, apóiem e fortaleçam a entrada de adeptos(as) dos terreiros nas seleções e vagas para agentes comunitários de saúde e agentes de endemias,


- Que as Secretarias de Saúde dos municípios onde estão estabelecidos núcleos da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde possam apoiar técnica e financeiramente as iniciativas cotidianas dos núcleos, assim como encontros preparatórios para a realização dos seminários nacionais,


- Que o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde e os Organismos do Sistema ONU possam apoiar as iniciativas da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, principalmente as ações do GT Mulheres de Axé e GT Juventude dos Terreiros,


- Que as Secretarias ou órgãos do governo ligados ao Meio Ambiente possam ter um trabalho articulado com as lideranças de terreiros, fomentando o cuidado com a natureza e a saúde do ambiente,


- Que o Ministério da Saúde e os Organismos do Sistema ONU possam apoiar um encontro fechado com as lideranças de terreiros de todo o país para discutir os seguinte temas: sexualidades, direitos sexuais e reprodutivos, células troncos, aborto, transplantes, etc .


- Que o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde apóiem pesquisas sobre a saúde da população dos terreiros com a participação das lideranças de terreiros na construção, planejamento, execução e avaliação das pesquisas.


Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2010
Rede Nacional de Religioes Afro-Brasileiras e Saude

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Seminário no Rio de Janeiro da Rede Nacional de Religioes Afro-Brasileiras e Saúde discute os novos rumos para o SUS

VII Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde: Dialogando com as Políticas Públicas de Saúde e discutindo os novos rumos para o SUS

O seminário tem como objetivo estabelecer um canal de diálogo entre as lideranças de terreiros, gestores, profissionais e conselheiros de saúde, assim como com os gestores de promoção de igualdade racial, que possibilite conhecer os desafios e as possibilidades de estratégias de implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra em consonância com as outras políticas e programas do Sistema Único de Saúde. O evento também tem a finalidade de integrar as práticas de saúde dos terreiros às práticas de saúde do SUS.

18 a 20 de agosto de 2010

Local: Hotel Excelsior – Avenida Atlântica 1800 – Copacabana - Rio de Janeiro

Realização: Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro

Programação

18 de agosto de 2010(quarta)

15h – Presente as Deusas das Águas

17h - Mesa de Abertura:

José Marmo da Silva / Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde

Arnaldo Marcolino / Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra,

Jurema Werneck / Conselho Nacional de Saúde

Marcia Torres/ Superintendência de Promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro,

Zulu Araujo / Fundação Cultural Palmares – Ministério da Cultura

Harold Robinson / Fundo de População das Nações Unidas,

Martws Chagas / Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

Hans Dohman / Secretário Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro


18h – Painel 1 - Religiões Afro-
Brasileiras, Desenvolvimento e Saúde

Mãe Beata de Iemanjá(Ilê Omi Ojuarô/RJ)

Makota Valdina(Tanuri Juçara/Salvador)

Coordenação: Mãe Meninazinha de Oxum(Ilê Omulu e Oxum/RJ)

19 de agosto de 2010(quinta)

08:30h - Conversa Afiada 1 - A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: desafios e perspectivas para a implementação nos estados e municípios.

Cida Patroclo – Criola

Lucia Xavier – Criola/Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra

Ismael Lopes -Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde/ CONASEMS

Coordenação: Dra. Fernanda Lopes- Fundo de População das Nações Unidas/UNFPA

11:30h – Comunicaçao 1: Os terreiros, a população negra e a seguridade social

Magali da Silva - PROAFRO/Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Coordenação: Mãe Amélia de Oxum

12:30h - Almoço

14h - Painel 2: Dialogando com as Políticas Públicas de Saúde

Politica Nacional de Atenção Básica – Robson Xavier da Silva/Ministério da Saúde

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – Mara Zélia de Almeida/UFBA

Política Nacional de HIV/Aids - Damiana Bernardo de Oliveira Neto/Ministério da Saúde

Coordenacao: Mara Jane/Núcleo Porto Velho

15:30h – Comunicação 2:

100 Anos de Doença Falciforme – Joice Aragão – Ministério da Saúde

Saúde da população negra e combate ao racismo institucional: a experiência do Ministério Público de Pernambuco – Maria Ivana Botelho

Coordenacao: Pai Célio de Iemanjá/Núcleo Maceió

20 de agosto(sexta)

08:30h – Comunicação 3: Integração de saberes e práticas

- Por uma Política Nacional de Educação Popular e Saúde – Osvaldo Bonetti/ Ministério da Saúde

- Ancestralidade, Filosofia e Religiosidade Africana Bantu – Luis Tomas Domingos/UFPB

Coordenacao: Mae Nalva de Oxum/Núcleo Belem


10:00h – Conversa Afiada 2: Os Terreiros, o SUS e o Controle Social

Babá Dyba de Iemanjá/Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde

Ana Costa – SEGEP/Ministério da Saúde

Jurema Werneck - Conselho Nacional de Saúde

Arnaldo Marcolino / Comissao Intersetorial de Saúde da População Negra do Conselho Nacional de Saude

Coordenação: Pai Mariano de Ossain/Núcleo Maranhão

12:30h – Almoço

14h – Comunicação:

Terreiros – a dinâmica da vida e da saúde – Egbomi Vanda de Oxum

15:00h – A Carta do Rio de Janeiro

15:30h – Encerramento