domingo, 7 de novembro de 2010

Corpo-Imagem dos Terreiros


Os debates do projeto Corpo-imagem dos terreiros trazem a fotografia no contexto dos rituais religiosos de matriz africana, para discutir o repertório crítico e visual e para pensar a formação dos terreiros, a experiência ritual e a produção de imagens. Apresentam um diálogo entre pesquisadores de diversas áreas, representantes das comunidades religiosas, curadores e fotógrafos.


Os terreiros das religiões de origem negro-africana se apresentam, ainda nos dias de hoje, como um pólo de resistência cultural e simbólica que encontra na poética do transe, nas relações estéticas dos objetos, no estatuto arquetípico, na festa pública e nos espaços sagrados, sua representação.



No Brasil, as tensões seculares do sistema escravista poderiam ter levado a sua extinção. Entretanto sobreviveram, adotando características regionais. Candomblé; umbanda; tambor de mina, no Maranhão; xangô no Recife, batuque do Rio Grande do Sul, são religiões nascidas na resistência negra de diferentes nações jeje, fon, mina, e que preservaram cultos e matrizes semelhantes. É ali que os ritos e mitos se expressam, pela crença de que entidades vêm à terra celebrar com seus descendentes míticos.


Os terreiros, tradicionalmente, demarcaram uma posição relevante para a diáspora negra e, consequentemente, para a concepção de imagens a seu respeito. Elas produzem conhecimentos capazes de revelar a materialidade da experiência religiosa. E podem se converter em ferramenta fundamental para uma reflexão crítica sobre essa cultura.


A aposta é na desconstrução de visões errôneas e estereotipadas, tão recorrentes, sobre a realidade afro-brasileira para trazer à luz as comunidades, suas vivências, suas culturas ancestrais e cotidianas e suas atitudes históricas, políticas, culturais, religiosas e artísticas, por meio das imagens tomadas a seu respeito.


Projeto contemplado pela seleção pública de debates presenciais do Programa Cultura e Pensamento 2009/2010, tem curadoria da fotógrafa Denise Camargo com assistência de curadoria do fotógrafo Paulo Rossi. A produção-executiva é da Empresa Livre.


E é um dos desdobramentos do debate on-line Representações imagéticas das africanidades no Brasil, contemplado com o Programa Cultura e Pensamento 2007, disponível em www.studium.iar.unicamp.br/africanidades.


Todos os debates serão transmitidos ao vivo no site: www.oju.net.br/corpoimagem.


Haverá certificado de participação, inclusive para os participantes on-line.


Para confirmar participação nos debates, enviar uma mensagem para oju.cultural@gmail.com, colocando no assunto seu nome completo e o nome da cidade do debate a que você assistirá.


PROGRAMAÇÃO
11/11 das 14h30 às 16h30 – Rio de Janeiro (UFRJ – auditório Anexo do CFCH 3º andar– Av. Pasteur, 250 fundos – Praia Vermelha)


Projeção de fotografias do fotógrafo Márcio Vasconcelos (Zeladores de voduns e outras entidades, do Benin ao Maranhão), comentadas pelo fotógrafo Januário Garcia e/ou Marta Mestre (participação a ser confirmada).
Vantoen Pereira Júnior, fotógrafo ("Nego véio", o resgate do Brasil negro)
Mirian Fichtner, fotógrafa (Cavalo do santo: religiões afro-gaúchas)

18/11 das 18h30 às 20h30 – Salvador (UFBA/CEAO – Auditório Milton Santos, do Centro de Estudos Afro-Orientais – Praça Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho)
- Marco Aurélio Luz, Ilê Asipá e professor da UFBA (A dinâmica da civilização afro-brasileira)
Adenor Gondim, fotógrafo (Eu fui escolhido: imagem, crença, sincretismo)
Aristides Alves, fotógrafo (No terreiro de Mutá Lambô we Kaiango: uma experiência de fotografia e edição)
Bauer Sá, fotógrafo (Retratos: identidade, corpo e presença)
Marcelo Bernardo da Cunha, coordenador do Museu Afro, professor do CEAO/UFBA (Iconografias e identidades afro-brasileiras)

Foto: Marmo

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